2018: sabedoria e líderes inspiradores!

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(*) Mário Sérgio Ribeiro

Estamos na porta do Natal e de um novo ano que se aproxima. Momento de esperança, de renovação, mas também de reflexão… Meu Deus, que ano foi esse? Era ligar a TV no horário nobre e ver o noticiário povoado de péssimos exemplos. Corrupção, fraudes, propinas, suborno, jeitinho, violência, mortes estúpidas, ataque cibernético nunca visto…uma avalanche de atos que jogaram na sarjeta a moral, a ética e os bons costumes. E o pior, péssimos exemplos vindos de onde deveria se ter os melhores. Nós brasileiros erramos na construção do melhor que uma nação pode ter: sua gente?

 Foi presidente da república se defendendo de tudo que é jeito, ex-presidentes investigados, outros condenados, presidentes de empresas privadas e públicas presos, membros do STF questionados e uma leva enorme de políticos e profissionais do alto escalão de empresas presos ou no mínimo indiciados. Que país é esse?

 Tenho que confessar que em meus 58 anos de vida nunca vi nada igual. Fui procurar na história de nosso país e também não encontrei algo parecido. Li Laurentino e outros historiadores, que podem nos dar uma boa pista do que está acontecendo, pois nossa história é pródiga desses exemplos, mas não no volume e na abrangência que estamos vendo. Criamos nosso jeitinho e tudo de mal que estamos vendo há muito tempo atrás. Culpa de quem? De todos nós que formamos essa Nação? Há quem culpe até a Internet, as mídias sociais, de um mundo mais informado… mas a realidade é mais em cima: nossa sociedade está enferma e precisa urgente sair da UTI. O que pode ser pior é, do jeito que vamos, onde iremos parar?

Sinceramente eu não sei. O que sei é que se torna urgente punirmos todos os culpados de forma exemplar. Essa é a primeira pedra para construirmos ou reconstruímos uma sociedade baseada em valores moral, ético e de honestidade. Uma nação não se sustenta sobre bases tão espúrias como a que estamos assistindo. Se não o fizermos, não há economia, não há nada no mundo que aguente a todas possíveis consequências advindas.

Sou educador há quase trinta anos com a nobre tarefa de auxiliar na formação do ser humano. Trabalho como consultor com vários temas que remetem e muito às questões humanas e confesso que estou preocupado com o rumo que as coisas estão tomando. Qual será o legado que nossa geração está deixando?

Os políticos que aparecem nas reportagens não saíram do além, saíram de nossa sociedade, saíram de cargos em empresas públicas e privadas e a maioria chegou nesse corrompido sistema, colocado lá, pela sociedade. Esses mesmos políticos um dia poderiam ter trabalhado em sua empresa e de repente fazem parte da “nobre” sociedade política.

E o que dizer de presidentes de empresa e seu alto escalão? Um país jovem que necessita constantemente de lideres inspiradores olha para cima e vê o que vê? Será que vivemos em uma bolha na qual só se dá bem quem atende ao manual da corrupção, propina, etc., e os que estão fora estão fadados a remar, remar…e ganhar como prêmio de consolação a honestidade e a ética?

Como não pensar se um colaborador de minha equipe também não quer se dar bem, como nos exemplos que ele vê na TV, no jornal, no andar de cima? Por que esses caras podem e eu não posso? Eu, colaborador, posso racionalizar que tenho os mesmos direitos que ele, mesmo sabendo que eles têm ótimos advogados e eu talvez não tenha a mesma chance de me defender?! Mas na hora, eu, colaborador, dou um jeito, e no máximo o que pode acontecer é eu perder o meu emprego, mas o dinheiro que levei em minha falcatrua me deixa sossegado por algum tempo e consigo até pagar um bom advogado…

Li um dia desses uma pesquisa, que não ficou restrita somente ao Brasil, que o número de incidentes com ameaças internas com perdas financeiras relevantes, cresceu mais de 30% no último ano. Em um simpósio recente sobre a segurança das informações corporativas alguns especialistas voltaram a enfatizar que as ameaças internas são mais preocupantes do que a externa. Infelizmente essa constatação eu já verifico há mais de vinte e cinco anos que trabalho só com a segurança da informação, então, não vejo novidade alguma nesses números. O pior cego é o que não quer ver…

Nesse cenário em que os exemplos de desonestidade se intensificaram, em que poucos ainda são punidos, que muitos conseguem dar um jeito de escapar e a justiça é bem lenta, é o pior que pode acontecer. E quando olhamos o contexto e verificamos que o mundo corporativo está envolvido com presidentes e alto escalão sendo processados, vários presos, parece surreal! Como essas empresas continuam a cumprir sua missão na sociedade, com seus principais executivos presos e sendo o exemplo que são?

Não vou ficar aqui me atendo o que são medidas corretas a se adotar, até porque muita delas a maioria tem conhecimento, várias inclusive publiquei em meus artigos, e muito bom material está disponível em livros e na internet, mas queria alertar que precisamos mudar pela ação.

As pessoas necessitam ter alguém em quem se espelhar, e isso parece não mais existir. Você quer olhar para dentro de sua empresa, seja na horizontal e na vertical, principalmente, e encontrar pessoas em quem pode CONFIAR, pelo menos um pouquinho. Pessoas em que você pensa em se espelhar. Pessoas nas quais você diz: daqui a alguns anos quero ser e estar onde esse LÍDER hoje se encontra. Isso, Líderes, que sejam Inspiradores! Um produto em falta no país. Não temos líderes nesse país, e muito menos que nos inspirem. Desafio você a me enviar um e-mail com pelo menos um nome, um só! Ficaria bem contente…

Esse líder não se constata pelo terno impecável, gravata importada, pelo terninho ou saia do estilista da moda. Esse líder se vê por sua conduta e ATITUDES éticas, justas, encontrada em cada um de seus atos. O verdadeiro líder é respeitado por sua conduta e atitude com justiça, e não por seu cargo hierárquico, ou pelo número de links que aparece em uma procura no google. As pessoas do andar de baixo precisam acreditar que aquilo que se fala é aquilo que se faz, de fato.

 Não é o português rebuscado, os estrangeirismos e eloquência das palavras, mas a verdade dos atos praticados que faz o Líder que imagino. Aquilo que se fez ou faz é o que se fala, e não o contrário. A confiança vem do acreditar e isso está cada vez mais difícil de encontrar no mundo que vivemos. Diz um amigo que: interessa o que importa e o que importa é o que interessa. Será?

O Acreditar e a Confiança devem vir do andar de cima. Se o andar abaixo não percebe esse mínimo que eu falei, cria-se um ambiente propício para incidentes que já conhecemos muito bem. Há que existir verdade nos atos, nos exemplos. O tempo em que se falava meia dúzia de palavras bonitas que impressionavam as pessoas, a maioria inclusive tinha que recorrer ao dicionário para ver o que significava, esse tempo acabou! Essa variante de engenharia social fica por conta dos políticos, que ainda as pratica e engana as camadas menos esclarecidas da população, com discursos eloquentes que em sua grande maioria, não serve absolutamente para nada, infelizmente.

Muitos acreditam que não existem negócios conduzidos 100% na moral, na ética e na honestidade. Acreditam que isso é praticamente impossível nos negócios envolvidos principalmente com a administração pública, independente da instância. Dizem que aqueles que tentam levar a coisa a sério não conseguem sobreviver. O sistema funciona segundo uma lei própria: a do toma lá da cá. E para sobreviver é preciso praticar esse mantra do toma lá da cá.

Como cidadão e educador não posso acreditar nesse toma lá da cá. Essa forma histórica de se fazer as coisas, remotas do Império, não deve pertencer mais a uma Nação que pretende ser Grande. Todos temos nossas responsabilidades e devemos cumpri-las. Não podemos ser culpado pela história de um povo de uma época que tudo via e nada fazia. Precisamos cada vez mais colocar a boca no trombone.

Espero sinceramente com essa reflexão que tenhamos um ano de 2018 não só cheio de esperança e de coisa boa, como sempre vamos recitando, mas que possamos ter um ano de Coragem e Atitudes para mudar o que está errado, em todo o lugar onde possamos agir: em casa, na empresa que trabalho, com os amigos e com a urna no final do ano. Que Deus nos ilumine com Sabedoria para agirmos e que nos traga líderes que nos inspire!

Um excelente Natal e um 2018 como falei!

Até a próxima.

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(*) 58 anos, engenheiro, mestre em segurança da informação pela USP. Sócio da ENIGMA Consultoria. Professor da FIA-USP e da ANBIMA. E-mail: mario.ribeiro@enigmaconsultoria.com.br

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